Touro genuinamente made in Brasil
24/04/12 - Dia do BOI
Raça TABAPUÃ é considerada maior conquista zootécnica do país.
Foi na fazenda Água Milagrosa, maior depositário genético da raça no mundo, que a progênie teve sua origem. Recebeu esse nome porque um acordo internacional do século XIX determinou que toda descoberta tivesse o nome da região ou município de onde se originou, nesse caso, a cidade de Tabapuã (SP). No final de 1940 o Sr. Júlio do Valle, amigo da família Ortenblad, em um dos “pousos de boiada” que fez na Água Milagrosa, retribuiu oferecendo um bezerro da gado que estava trazendo. Era um bezerro sem raça definida, provavelmente fruto de cruzamento de Nelore e Guzerá, mas sem grau preciso de sangue entre as raças. Na ocasião o animal não chamou a atenção, já que a fazenda se dedicava exclusivamente ao cultivo de café, despertando a curiosidade mais tarde devido a circunstancia anômala de não apresentar chifres. Tratava-se de um mocho perfeito, com boa carcaça, cupim bem desenvolvido, excelente pigmentação, cascos e focinho pretos.
Devido as excelentes características do animal, surgiu a idéia de se formar um plantel mocho e, possivelmente, uma nova raça zebuína puramente brasileira. O touro que foi marcado a fogo com o número T-0, e teve organizado um fichário completo a partir de 1943, daria inicio a uma história de contínuo sucesso e estudos. A raça genuinamente brasileira foi a terceira neozebuína criada no mundo (antes houve o Brahman norte-americano e o Indubrasil), fundamentada a partir de um rigoroso planejamento zootécnico.
Apaixonado por pesquisa aplicada, o Dr. Alberto Ortenblad¹ encarou o desafio e
muitos obstáculos viriam pela frente até a consagração da raça. Dono de uma firma de construção civil no Rio de Janeiro, Dr. Ortenblad decidiu por fechar a empresa para batalhar pelo reconhecimento oficial da raça, acreditando que ali estava nascendo um rebanho que contribuiria muito com a pecuária brasileira. Em 01 de fevereiro de 1971 foi registrado o primeiro animal na Fazenda Água Milagrosa, o touro Baile de Tabapuã T-1210, com o RGD nº 1, nascido em 15 de outubro de 1962, pesou 1.040 quilos aos 48 meses. Só em 1981 o Tabapuã foi definitivamente reconhecido como raça, e pouco tempo depois teve seu Livro de Registro Genealógico fechado, passando os animais à condição de PO (Puros de Origem).
O rebanho brasileiro é de aproximadamente 400 mil animais. A raça tem apresentado um excelente crescimento qualitativo e quantitativo, com centenas de milhares de cabeças, estando difundida em todos os estados e países como, Argentina, Paraguai, Bolívia, Colômbia, Venezuela, Guatemala e Angola.
Na última edição de seu livro, “O Tabapuã da Fazenda Água Milagrosa”, Dr. Alberto Ortenblad descreveu a atividade agropecuária com palavras comoventes, próprias de quem acreditou e se dedicou a essa que hoje é reconhecida como a maior conquista zootécnica do Brasil. “Extenso e apaixonante campo de atividade é este, exercido no silêncio do isolamento, nem sempre isento de revezes, amálgama de negócio com prazer, em que sentimos, como em nenhum outro, a rapidez do curso da vida, curta demais para o objetivo visado”.
Com a mensagem do Dr. Alberto Ortenblad, no Dia do Boi (24 de abril), uma homenagem aos pioneiros, que assim como ele, acreditam na força e potencial da pecuária brasileira.
1_Dr. Alberto Ortenblad, falecido em 29 de agosto de 1994, presidiu a Associação Brasileira dos Criadores do Mocho Tabapuã, atual ABCT, desde sua fundação em 1968 até 1993.
*Colaboração de Lucas Amaral
* Agrolink
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